葡萄牙语 小王子 O Principezinho Capítulo 8

葡萄牙语 小王子 O Principezinho Capítulo 8

2016-04-13    06'48''

主播: 七彩风车葡萄牙语

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介绍:
Capítulo 8 No quinto dia, ainda mais uma vez graças à ovelha, fiquei a saber um segredo da vida do principezinho. Perguntou-me de chofre, sem rodeios, como se fruto de um problema longamente meditado em silêncio: - Uma ovelha, se come arbustos, também come flores? - Uma ovelha come tudo quanto lhe aparece pela frente. - Mesmo as flores com espinhos? - Claro. Mesmo as flores com espinhos. - Então para que servem os espinhos? Eu não sabia. Estava todo concentrado no meu motor, a tentar desenroscar uma porca. Sentia-me bastante aflito porque a avaria começava a parecer-me muito complicada e quase já não havia água para beber. - Para que servem os espinhos? Uma vez que a fizesse, o principezinho nunca desistia de uma pergunta. Eu estava irritado com a porca e só respondi para ver se ele se calava: - Não servem para nada… São uma pura manifestação de maldade! -Oh! Ficou calado. Depois, com um ar quase ressentido, disse: -Não acredito! As flores são fracas. São muito ingénuas. Agarram-se ao que podem para se sentirem seguras. Pensam que toda a gente tem medo delas por causa dos espinhos... Não respondi, porque nesse momento estava a pensar cá com os meus botões: "Se esta maldita porca não se desenrosca, dou-lhe uma martelada tão grande que até salta!" Mas o principezinho interrompeu outra vez tão altos pensamentos: - E tu, tu achas que as flores... - Não! Claro que não! Nem estava a pensar naquilo que te disse. Tenho coisas mais sérias com que me entreter! Olhou para mim, perfeitamente estupefacto. -Coisas mais sérias! E ali estava eu, de martelo na mão, com os dedos todos sujos de óleo, debruçado sobre um objecto que lhe parecia horroroso. - Estás a falar como as pessoas grandes! Fiquei um bocado envergonhado. Mas o principezinho não teve dó de mim e continuou. - Estás a confundir tudo... estás a baralhar tudo! Estava, de facto, muito zangado. Sacudindo os seus cabelos dourados ao vento, gritava: - Sei de um planeta onde há um senhor todo afogueado. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou para uma estrela. Nunca gostou de ninguém. Nunca fez senão contas. E, tal como tu, passa o dia a dizer: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" Mas aquilo não é um homem! Aquilo é um cogumelo! - Um quê? - Um cogumelo! Agora o principezinho sentia-se tão irritado que até estava branco. - As flores fabricam espinhos há muitos milhões de anos. Apesar disso, as ovelhas comem flores há muitos milhões de anos. E vens-me tu agora dizer que tentar perceber porque é que elas têm tanto trabalho a fabricar espinhos que nunca lhes servem para nada não é uma coisa séria! Que a guerra entre as ovelhas e as flores não é uma coisa importante! Não será uma coisa bem mais séria e bem mais importante do que as contas de um senhor muito gordo e muito encarnado? E se eu, eu que aqui estou à tua frente, conhecer uma flor única no mundo, uma flor que não existe em mais lado nenhum senão no meu planeta e que, numa manhã qualquer, uma ovelhinha pode reduzir num instante a nada, assim, sem sequer dar por isso, também não tem importância nenhuma, pois não? Corou. Mas não se calou. - Amar uma flor de que só há um exemplar em milhões e milhões de estrelas basta para uma pessoa se sentir feliz quando olha para elas. Porque pensa: "Ali está ela, lá no alto, a minha flor…" Mas se a ovelha comer a flor, para essa pessoa é como se as estrelas se apagassem todas de uma vez! Mas isso também não tem importância nenhuma, pois não? E não conseguiu dizer mais nada. Desatou de repente a soluçar. Entretanto, já se fizera de noite e eu já largara as minhas ferramentas. Queria lá bem saber do martelo, da porca, da sede e da morte. É que, numa certa estrela, num certo planeta, no meu planeta, na Terra, havia um principezinho para consolar. Peguei-lhe ao colo. Embalei-o. Fui-lhe dizendo: "A flor de que tu gostas não corre perigo nenhum... Eu desenho-lhe um açaimo à tua ovelha... Eu desenho-te uma armadura para a tua flor... Eu ... " Não sabia que mais lhe dizer. Sentia-me completamente desastrado. Não sabia como chegar até ele... É tão misterioso, o país das lágrimas!